quarta-feira, 30 de março de 2011

Enquanto você dormia

Desde pequeno eu sempre acordei cedo. Estudei de manhã toda minha vida, fiz faculdade de manhã e sempre fui acostumado à acordar às 6h para ir trabalhar e, ao contrário de muitas pessoas, nunca me importei com isso. 

Quando comecei a trabalhar em restaurantes, escutava casos dos colegas que trabalhavam à noite e ficava imaginando como seria a vida de alguém que pegava serviço às 16h e chegava em casa depois das 1h da manhã. O mundo dá voltas e já fazem 5 meses que eu parei de imaginar para começar a viver isso. 

Trabalhar à noite muda sua vida completamente. No início, eu me sentia "culpado" de acordar às 11h, 12h. Levantava às 9h e ficava com sono o dia inteiro. Com o tempo fui vencido pelo cansaço e hoje acordo sem culpa alguma por volta das 13h (rs). Porque, como você acordou tarde, você não consegue dormir antes das 3h, 4h da manhã aí você entra num loop:

se acordo cedo => durmo à tarde => se acordo tarde => não durmo à noite = loop infinito. 

Quando você entra no embalo, você começa a curtir a noite como nunca. Imagina você não ter que acordar cedo nunca mais? O horário de verão não importa mais para você, tomar banho naquela água gelada das 6h? Ônibus cheios? Nunca mais! Sem contar que tudo acontece na noite. Que balada não está pegando fogo às 0h30? Tá tudo começando ainda! Agora eu entendo porque a maioria do pessoal que tem escala noturna, não aceita de jeito nenhum voltar para a manhã. 

Tenho um amigo que é dono de um bar/restaurante e sempre que saio do serviço passo lá para pegar uma carona ou para tomarmos a saideira. Falamos sobre a nossa vida noturna, sobre os nossos horários malucos, das vantagens de acordar tarde e também das coisas ruins de viver num fuso horário completamente diferente do da nossa família, amigos e, no caso dele, da namorada. Nossa vida também não é só alegria, né?(rs)

Já conheci taxistas, seguranças, garçons, clientes que vão todas as semanas para o mesmo bar e até mesmo com os "famosos" vendedores de amendoim da Savassi. Vida noturna lifestyle!(rs) 

Ai você me pergunta se eu quero voltar a trabalhar de dia: "Vou não, quero não, posso não..."(rsrs)

Abraços de coruja,

Felipe Tavares

segunda-feira, 14 de março de 2011

Domingo de Confraria

Ontem aconteceu o primeiro encontro da Confraria criada pelo meu amigo Douglas e por mim que mencionei aqui. No dia 13 de fevereiro (primeira reunião), eu, Douglas e o Nélio nos encontramos para criar as regras e normas que regerão nossos encontros. Neste dia cada um recebeu 2 mega sardinhas(quase norueguesas) e o desafio era criar um prato com elas. O Douglas fez uma portuguesa(azeite, alho e ervas), o Nélio fez uma napolitana(molho de tomate, pimentões e cebola) e eu fiz uma refrescante (cardamomo, hortelã e limão). Neste dia ficamos tão empolgados que nem lembramos de tirar fotos :((

Nesse encontro, foi definido que meu ex-chef Nélio seria responsável por cozinhar no próximo. Resumindo as regras, definimos que o prato não pode ultrapassar o valor máximo de R$30,00 por pessoa(bebidas à parte) e que cada membro pode levar um convidado. Tranquilo, não?

Então, vamos a parte que interessa, o prato do dia:

Salmão à provençal em massa folhada com risone de ervas


Ingredientes
Rendimento: 4 porções

Salmão
4 filés de salmão
1 cebola repicada
4 dentes de alho repicados
Ervas de provence
Vinho branco
Sal
1 rolo de massa folhada

Modo de fazer
Misture todos os temperos no vinho branco, cubra os filés e deixe marinando na geladeira por 1h.
Enquanto isso, faça o molho provençal.

Molho provençal
Champignon em conserva laminado
Alcaparras 
Azeite
2 dentes de alho repicados
1 cebola repicada
Sal

Modo de fazer
Refogue a cebola e o alho no azeite, acrescente as alcaparras e finalize com os champigons.  
Abra a massa folhada, coloque os filés de salmão e adicione o molho provençal em cima de cada filé.
Envolva os filés na massa folhada, mas não cubra a parte de baixo para que a água do salmão escorra e deixe sua massa folhada sequinha. Pincele com gema batida e acrescente uma pitada de ervas de provence por cima.
Leve ao forno (180º) por 30min.

Risone de ervas
1kg de risone
Ervas de provence
Azeite
Sal
Modo de fazer
Cozinhe o risone em água fervente com sal como qualquer macarrão.
Em uma panela com azeite, salteie o risone com as ervas de provence. Acerte o sal se necessário.

E, pronto! Faça a montagem

O Nélio fez uma redução de creme de leite fresco e manteiga 
para servir de base para os salmões

Ai você me pergunta. Ficou bom Felipe? Bom? Bom é feijão com arroz, esse prato ficou maravilhoso! A combinação de sabores ficou perfeita, o ponto de cozimento do salmão, o crocante da massa folhada, o risone de ervas, o Nélio cozinhando em minha casa...Isso é vida! Para quem não não comeu risone, não é arroz, tá?rs É uma massa de macarrão só que em formato de arroz(pior descrição de risone que eu já dei na vida). 

A Confraria começa a fluir, a troca de experiências é maravilhosa...E esse foi só o primeiro encontro, ainda temos muito pela frente! 

Os primeiros membros (esq. pra dir.) Douglas, Eu, Gustavo, Fred e Nélio. 

Abraços confraternos,

Felipe Tavares

quinta-feira, 3 de março de 2011

Almoço paraense

Ultimamente, graças a Deus, está em alta utilizar ingredientes regionais brasileiros na nossa culinária. Nossos grandes chefs e cozinheiros estão percebendo que não é imprescindível ter foie gras, caviar beluga ou trufas o tempo todo na cozinha para se fazer um prato surpreendente, digno de estrelas Michelin. 

Uma das culinárias que têm mais chamado atenção atualmente é a do Pará. Alex Atala talvez tenha sido um dos pioneiros a descobrir os sabores exóticos de lá, outro dia li uma crônica da Carla Pernambuco falando da saudade que sentia dos "mil sabores de Belém". Estes são só alguns exemplos dos "chefs tops", fora dezenas de outros que com certeza já estão utilizando os famosos peixes do Pará, as frutas e os vegetais.

No último domingo, fui convidado pelo Léo, filho da minha tão falada "anjo da guarda" Julieta para degustar os sabores do Pará. Ele, um apaixonado por gastronomia, havia passados 2 semanas em Belém e trouxe algumas surpresinhas para degustarmos.

Começamos com a pupunha cozida. Um fruto bem típico de lá, vendido em qualquer esquina e que é bastante apreciado no café da manhã com manteiga. O sabor me lembrou muito o de uma pamonha, mas com um leve amargo no final.


Depois começamos a degustar várias frutas que eu nunca tinha ouvido falar e com sabores tão exóticos quanto os nomes. 
A cesta de frutas, pronta para ser devorada!

Acima você pode ver: ingá, bacuri pari, abricó, bacuri, rambotã, sapotilha, uxi e abiu. Algumas são deliciosas como bacuri pari que tem um azedinho incrível e abricó que lembra muito uma manga misturada com pêssego. Já a sapotilha e o uxi são muito estranhos...Tem uma que é um algodão docinho(ingá) e uma que é lembra muito no sabor e na aparência a lichia(rambotã). Enfim, sabores incríveis!

Depois partimos para o prato principal: Tambaqui(pescado pelo Danilo) no caldo de tucupi com jambu.

Vamos por partes ou traduzindo:

De acordo com o prof. Léo(ele é biólogo de verdade rs) e com a Wikipedia, o tucupi é um caldo extraído da mandioca brava que é descascada, ralada e espremida. Depois de extraído, o molho descansa para que o amido se separe do líquido. Então é cozido por mais sei lá quantas horas para deixar de ser venenoso e se tornar comestível. What?rs Você só precisa saber que é uma delícia, lembra um fundo de legumes bem concentrado. Fico imaginando os molhos que não dá para fazer com esse tucupi...

Tucupi no mercado Ver-o-Peso

Agora vamos ao ápice do meu dia, a descoberta mais incrível dos últimos tempos, a erva que eu experimentei e fiquei comentado durante todo almoço(mesmo com a boca dormente): o jambu. Primeiro vamos a mais uma aula com o prof. Léo.

Não teve jeito Léo, tive que colocar você sem camisa mesmo! =D

O jambu ou agrião-do-pará é uma erva típica da região norte do Brasil. Muito utilizado nas culinárias paraense, amazonense, rondoniense e acreana. Com ele são feitos os famosos tacacá e o pato no tucupi

Jambu

Mas o mais incrível do jambu é que ele deixa nossa boca dormente! É incrível, delicioso, surpreendente, sei lá mais o quê! Eu te amo jambu, seu lindo! Quero você todos os dias na minha horta! Aonde que você tava nesse mundão?(rs) Até trouxe uma muda, vamos ver se eu consigo cultivá-lo para ficar apreciando para sempre! Jambu você morá no meu <3 !

Lindo esse peixe, não?

Mais jambu! :*** O caldo de tucupi estava embaixo dele...

Fiquei tão chocado com os sabores(o Léo ainda fez uma pimentinha daquelas com os ingredientes de lá) que até esqueci de fazer um prato bonito para fotografarmos, quando lembrei fiz a montagem abaixo. Podia ter valorizado mais os ingredientes, mas eu não parava de comer nunca e tava em êxtase com minha boca adormecida.


Depois ainda degustamos três tipos de sorvetes regionais que nem eu e nem a Ju anotamos, por isso eu não me lembro quais eram. Mas tinha um de mangaba que era maravilhoso!

Sabe, foi muito lindo tudo isso! Eu realmente amo essa vida de cozinha e essas descobertas, mas amo mais ainda as pessoas que estão comigo nela desde o início como é o caso da Ju e sua família! 

Abraços de jambu,

Felipe Tavares
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